Se por um lado é impensável ignorar a importância da tecnologia na vida de jovens do mundo inteiro, por outro o uso dessa tecnologia em sala de aula ainda gera debates entre educadores e acadêmicos. Como transformar os investimentos em tecnologia em ideias que melhorem o desempenho e aprendizado dos alunos?
A BBC Brasil levantou dez tendências relacionadas ao uso da tecnologia em sala de aula e experiências de seu uso na prática. Veja:
Agregar valor ao trabalho do professor em vez de substituí-lo
Em vez de recursos tecnológicos que tentem substituir o professor ou que apenas digitalizem tarefas de memorização, é muito mais produtivo pensar em como a tecnologia pode ajudar o trabalho do professor.
“Em vez de pensar ‘temos esta tecnologia e este aplicativo, como podemos usá-lo para a educação’, o ideal é refletir ao contrário: perguntar aos docentes que tipo de problemas e dificuldades eles enfrentam e pensar em como a tecnologia pode ajudá-los”, diz Francesc Pedró, representante da Unesco para educação.
Melhorar processos, sem precisar mudá-los radicalmente
A tecnologia não precisa necessariamente revolucionar a aula: pode ser usada para ajudar professores e alunos a trabalhar conteúdos mais abstratos, por exemplo, ou facilitar o aprendizado. No ensino de ciências e de exatas é onde estão a maioria das experiências bem-sucedidas de avanço com a tecnologia, justamente porque fica mais fácil para que alunos visualizem conceitos, transformar números e equações em gráficos digitais e ver o resultado de seus experimentos.
Tablets estão ganhando o espaço de laptops e desktops
Mais barato e portátil, o tablet tende a ganhar espaço. O tradicional colégio Bandeirantes, em São Paulo, tem um projeto-piloto de uso de tablets equipados com AppleTV a partir do 6º ano, para substituir as salas de informática. O documento da Unesco vê o tablet individual – seja comprado pelos pais ou emprestado pelo poder público – como uma tendência de médio prazo na educação.
Pensar na internet além dos sites de buscas e das redes sociais
Muitos professores já notaram que tarefas tradicionais muitas vezes são resolvidas pelos alunos com buscas pouco criteriosas na internet e o velho “CtrlC+CtrlV”.
“Tudo indica que de nada adianta continuar promovendo um uso da internet sem estrutura e orientação adequadas, que não evita que a maioria dos estudantes confie na primeira informação que encontre para sua tarefa, assim como não os ajuda a evitar as distrações da própria rede”, diz o documento da Unesco.
Fazer conexões com o mundo real
Se facilitar a conexão da sala de aula com o mundo exterior, a tecnologia pode ter um papel crucial no ensino. E há cada vez mais exemplos disso.
Nos EUA, estudantes dos anos finais do ensino fundamental criaram seu próprio anuário escolar digital e um tour virtual de um museu local, para mostrá-lo aos estudantes mais novos da mesma escola. O resultado foram alunos mais comprometidos com os estudos.
No Equador, 55 alunos equipados com computadores simularam a abertura de um restaurante durante as aulas. Usaram softwares como Excel para controlar seus gastos e plataformas para desenvolver um website do projeto, desenhar panfletos e etc.
Estimular criação, cooperação e interação
Estudantes aprendem mais quando usam a tecnologia para criar novos conteúdos por si mesmos em vez de serem meros receptores, aponta o documento da Unesco.
Pensar em novas formas de avaliar os alunos
Ante novas formas de oferecer e produzir conteúdo, é preciso pensar também em novas formas de avaliar sua produção, dizem especialistas.
“O melhor é buscar tarefas que estimulem a relação com o conteúdo e a reflexão – dar desafios maiores a alunos que estão armados de mais tecnologia”, diz Pedró.
Ele diz ainda que as escolas não podem esquecer de sua responsabilidade de desenvolver e avaliar as habilidades digitais dos alunos.
Usar games em favor do aprendizado
Se bem usados, videogames podem exigir do aluno análise da situação, concentração e conhecimento das matérias estudadas, ao mesmo tempo em que tornam o aprendizado mais vivencial e divertido.
Customização e personalização
Algumas plataformas online permitem que o conteúdo seja personalizado pela região (atividades ligadas à história e ao costume locais, por exemplo) e até mesmo a cada aluno, de acordo com seus pontos fortes e fracos.
Planejamento é chave
O uso da tecnologia será mais eficaz se for não aleatório, mas planejado, com objetivos claros de qual impacto pode ter no ensino.
Fonte: www.bbc.co.uk
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